19 de maio de 2017

Editorial: O flagrante


Os flagras em Temer e Aécio estabeleceram na opinião pública novos parâmetros de "convicção" para a Lava Jato. Em meio a tanta gente delatando tanta gente, de forma premiada, para tirar a corda do pescoço, eis que surge a figura do flagrante. Definitivo. Arrasador. Autoexplicativo.

Não. Não foi um PowerPoint cheio de setas e convicções. Não foram papéis sem assinaturas supostamente recolhidos na casa de um ex presidente. Não foram pedalinhos com os nomes dos netinhos. Não foi um confronto, com publicidade de desafio de MMA, entre um juiz e um acusado, em que o juiz se esforça para encontrar contradições, apenas. 

O flagrante dispensa a "teoria do domínio do fato". O autor do fato, a culpa e o dolo estão ali, desnudos. Fica pra mim, e fica certamente para a opinião pública também, uma pergunta latejando no ar: por que não conseguiram flagrar Lula e Dilma? 

Dada a convicção e obstinação de procuradores e juízes da Lava Jato, com tantos grampos e buscas em tanto tempo de operação, é muito verossímil que tenham feito as chamadas "operações controladas" para flagrar Lula e/ou Dilma. Muito verossímil. 

Não sabemos o que ocorrerá nos próximos meses, semanas. Tão pouco nas próximas horas, a bem da verdade. O que se sabe, em matéria de conjuntura política, é que a operação Lava Jato fugiu completamente ao controle de quem quer que seja. É uma caixa de Pandora, para o bem e para o mau. 

Mas hoje, nesta hora, também é possível se dizer que nunca o golpe contra a Presidenta Dilma, a democracia e os votos que ela recebeu, ficou tão evidente. Não vai aqui nenhum juízo de valor sobre as qualidades dos governos federais do PT e da presidenta Dilma, em particular. Mas a história parece estar vindo "à galope" socorrer a verdade e dar razão aos que foram às ruas lutar contra o seu impeachment.
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